Desde
que se começou a noticiar a respeito dos problemas apresentados nos apartamentos
dos prédios da Vila Olímpica, no Rio de Janeiro, os telejornais comentam com
muita freqüência este ocorrido. São queixas apresentadas por algumas delegações
dos atletas estrangeiros. Destaque para a delegação australiana, que protestou
com mais veemência. Diante da repercussão deste fato na mídia, muitos
jornalistas se dedicaram a comentar com muitas críticas este incidente.
De
fato, se deve esperar o comprometimento ético e profissional das empresas
construtoras para o cumprimento dentro do prazo acordado a entrega dos prédios
com os apartamentos em condições de uso para a acomodação dos hóspedes, como
seu objetivo fundamental. Entretanto, a mídia jornalística tem dado um
tratamento sobre esta notícia como se fosse um dos maiores problemas da cidade
do Rio de Janeiro, desconsiderando as expressões das questões sociais cruciais
que recaem cotidianamente sobre os habitantes desta cidade.
A
cidade do Rio de Janeiro se urbanizou sem planejamento urbanístico adequado
para atender as necessidades de sua população que se expandiu no decorrer do
séc. XX e, que continuou neste século. E, para milhares de cidadãos lhes
restaram ocupar os morros, os alagados e manguezais, ou seja, espaços marginais
para construir suas moradias. E, marginais permaneceram diante dos projetos
políticos de prestações de serviços públicos aos olhos do poder público, e
vistas como pessoas perigosas que devem ser evitadas, aos olhos da elite
carioca. Assim, esses locais marginais se tornaram propícios para o surgimento
e desenvolvimento de um poder paralelo ao Estado, formado por organizações
criminosas.
O
poder das organizações criminosas se expandiu pela cidade de tal forma que
ameaça a ordem pública e, expõe a defasagem do poder público não só da cidade
do Rio de Janeiro, mas de todo um país, que por clientelismo atende às necessidades
dos mais poderosos e, vira as costas aos cidadãos esquecidos nos sertões, nas
pequenas cidades e nas periferias das grandes metrópoles.
Essas
organizações na disputa com o poder público guerreiam de tal forma que se pode
considerar a cidade do Rio de Janeiro em estado de guerra civil, por conta do
alto índice de mortes de policiais, traficantes e demais membros da sociedade
civil vítimas em decorrência dos conflitos armados e; outros danos causados nas
vidas de milhares de pessoas. Danos psicológicos e sociais que marcam
perpetuamente toda a existência de uma pessoa e de um espaço geográfico.
Mas,
claro que há outras expressões das questões sociais apresentadas nesta cidade e
no país, que podemos utilizar este espaço para o nosso debate.