O
cenário político atual no Brasil é noticiado pelos variados meios
de comunicação como esfera de corrupção generalizada, com
diversos personagens políticos dos múltiplos partidos e correntes
ideológicas envolvidos em ações fraudulentas e criminosas. Muitos
líderes de partidos, quando se apresentam diante das câmeras de TV
para defender algum correligionário denunciado ou membro de partido
aliado sempre apontam motivos políticos para as acusações de
corrupção, a confiança da inocência do acusado e que os fatos
serão esclarecidos para a população. Porém, quando a acusação
se torna insustentável para desta se defender, se negocia entre os
membros do próprio partido e dos partidos aliados o afastamento do
acusado do cargo político para evitar desgaste ao governo ou ao
grupo parlamentar de oposição e preservar a legenda partidária.
Pela mídia é divulgada a exaustão os diversos casos de corrupção,
que com o tempo o que era para ser canal de informação ao
telespectador, se torna um meio para confundi-lo. E, com um pouco
mais do passar do tempo essas notícias são relegadas ao
esquecimento, que só alguns intelectuais e cidadãos mais atentos
recordam dessas ocorrências e, conseguem fazer a ligação de um
fato com o outro.
E,
nesses dias a notícia da condenação do ex-presidente Lula de 9
anos e meio de prisão, acusado de receber como propina da
construtora OAS um apartamento tríplex em Guarujá e um sítio em
Atibaia, ambas cidades do Estado de São Paulo, causou agitação no
mundo da política e da militância partidária e movimentos sociais.
Líderes de movimentos sociais e de partidos de esquerda organizaram
atos de repúdio à condenação de Lula e, de apoio a ele. Eles
alegam a inocência do ex- presidente e a parcialidade do Juiz Sergio
Moro na condução do processo que o condenou. Entretanto, há uma
parcela significativa de membros desses partidos e movimentos sociais
que têm se mostrado descontente com algumas mudanças de rumo dessas
instituições, e receosos de ter feitos papel dos animais da fazenda
da obra A Revolução dos Bichos, de George Orwell durante o governo
petista.
Nessa
obra os animais da fazenda realizaram sob a liderança dos porcos a
revolução no qual expulsaram os humanos desta terra. Os porcos, por
meio da construção de um aparelho burocrático, anunciavam a
libertação, manipulavam as informações reais e inventavam
diversas acusações de conspirações para executar os seus
inimigos. Essa libertação, a nova era de prosperidade na realidade
era a nova liderança de opressores que manipulavam os demais animais
para aderir à própria condição de explorados como se fosse
liberdade. E, muitos membros dos partidos de esquerda e movimentos
sociais desconfiam de estar em semelhantes condições desses
animais.
Também
se deve considerar que os membros de partidos de direita se
mobilizaram em busca de favorecer-se com a condenação de Lula.
Procuram tirar vantagens para se apresentarem à população como a
imagem de que em suas mãos a corrupção será combatida.
Entretanto, eles encontram dificuldades por causa de muitos deles se
encontrarem denunciados por diversas fraudes e crimes. Por isso, se
compreende que essa estratégia terá obstáculos para poder
legitimamente se sustentar.
A
grande massa populacional, a maioria dos votantes, não é engajada
em partidos políticos e nem em movimentos sociais. Essa parcela se
encontra insatisfeita com a classe política e desmotivada em debater
questões políticas e de se apresentar às urnas para votar. Caso a
lei da obrigatoriedade do voto fosse revogada, a abstinência de
votos seria significativamente maior que às constatadas nas últimas
eleições. Muitos votantes aleatoriamente
escolhem seus candidatos
de última hora só para cumprir a obrigação legal. A porcentagem
de votos em branco e nulos cresce em cada pleito. E, Para esse
público a condenação de Lula soou como mais um membro da classe
política que se corrompeu no exercício do mandato político.
Contudo,
se deve também levar em conta é que Lula foi o presidente do Brasil
mais popular no cenário internacional. Grandes revistas e jornais
dos países desenvolvidos elogiavam a política econômica e social
de seu governo, que alavancou a economia brasileira e, com os
programas sociais reduziu o índice da pobreza dos brasileiros. E,
hoje ele se encontra atravessando uma fase delicada na sua trajetória
histórica enquanto ser político e na sua vida pessoal, como Luís
Inácio. E, diante deste embate o que se contará de sua história às
futuras gerações? Presidente Lula condenado por motivações
políticas? E, seu governo será lembrado com força positiva ou
negativa para o desenvolvimento do Brasil?