quarta-feira, 9 de agosto de 2017

VENEZUELA E O MUNDO


Na Venezuela foi realizada uma eleição de consulta popular a respeito da formação da Assembleia Constituinte.Em meio a diversos protestos organizados pela oposição ao governo, o presidente Nicolás Maduro dissolveu o parlamento há alguns meses, no qual a maioria dos parlamentares eram opositores, para poder iniciar o rito de constituição dessa assembleia. Por outro lado, os jornais noticiam constantemente atos de violência nas cidades venezuelanas, em que de um lado se concentram os grupos que protestam contra o governo de Maduro e, e de outro a segurança estatal que reprime as ações dos manifestantes. Neste caos a situação econômica se encontra num declínio de recursos básicos para a sobrevivência. Faltam alimentos nos mercados e medicamentos nas farmácias. A escalada de desemprego cresce e, inseridos nestas circunstâncias, milhares de venezuelanos migraram para a fronteira brasileira em busca de recursos alimentícios ou emprego. Muitas são as incertezas para onde caminhará este país, numa explosão de conflitos, dos que confiam nas propostas do governo e dos quais querem sua saída do poder.

Como costuma ocorrer no cenário internacional em semelhantes ocorrências, diversos países e instituições internacionais manifestaram repúdio as decisões do governo Maduro. Mas, Bolívia, Rússia, Cuba e Equador se posicionaram defendendo-o. Entre os grupos que se opõem ao presidente venezuelano, o presidente dos EUA, Donald Trump, foi o mais rígido e duro e, anunciou que vetará cidadãos americanos a fechar negócios com Venezuela e, defendeu que sanções econômicas sejam tomadas enquanto perdurar essa situação política. A ONU, principal organismo político internacional tem feito discursos condenatórios às decisões de Maduro.

Por outro lado, o grupo de países que apoiaram o governo venezuelano argumenta que se deve defender a soberania do país, e que a vontade de seus cidadãos devem ser respeitada e resguardada. E, aproveitou também para acusar os EUA de se utilizar de sua política internacional intervencionista, que promovem o colapso econômico dos países que não entram em sua dinâmica de negócios em busca de atender os próprios interesses. No caso do Brasil, a postura oficial foi de repúdio a Maduro, mas o principal partido de esquerda, o PT, na fala da senadora e atual presidente desse partido, foi de apoio, entendendo que seu governo sofre perseguição de uma onda conservadora que está desmontando os governos mais populares da América do Sul, exemplo disso foi a movimentação parlamentares para arquitetar o impeachment da presidente Dilma Roussef.

Diante disso que caminho Venezuela irá trilhar? Especialistas em ciências políticas apresentam diversos pareceres que são possibilidades de se suceder. Pode ser que Maduro abra mão de sua radicalidade política e abdique de parcelas de seu plano político para negociar com as grandes forças do capital para atrair ao menos produtos mais fundamentais que se encontram escassos.Se for levar em consideração que nos tempos atuais é muito difícil uma nação se manter numa postura política de autossuficiência e se fechar ao grande capital, principalmente às grandes nações. Mas, mesmo com essa dificuldade pode ser que ele mantenha firme em seu propósito de defender as riquezas do solo venezuelano, principalmente o petróleo contra a avidez do capitalismo internacional, que as compram a preço baixo e com elas, aumentam sua fortuna.

Vale ressaltar o que sabemos a respeito da situação atual da Venezuela nos chega por meio dos grandes veículos de comunicação. As grandes emissoras selecionam o que publicar e como publicar seguindo uma política rígida de divulgação das informações que dificilmente se dá para crer que é somente escolha técnica e imparcial. E, com as mídias sociais que cresceram de forma avassaladora e descontrolada que bombardeiam a população de informações que mais a confundem que a informam dos fatos e situações. E, pela postura dos jornalistas das grandes emissoras, sutilmente se percebe que eles defendem a ação de isolar a Venezuela enquanto Maduro estiver no governo e, isso significa que ela deve ser retirada da Mercosul.

Também vale destacar que entre as nações que saíram em defesa do presidente venezuelano são as tendências de governos ou nações que seguem a visão ideológica socialista. No caso da Rússia muitos especialistas poderão argumentar que ela deixou de ser socialista desde a queda do Muro de Berlim e a desconfiguração da URSS. Mas, se levarmos em conta que de 1989 para cá são apenas 28 anos, isso é um período histórico curto para apagar as marcas da Guerra Fria e, de uma postura político ideológica de uma nação.

Será que nesse embate entre os partidários de Maduro e opositores suas posições são motivadas apenas por questões humanitárias sem embate de interesses econômicos e ideológicos por detrás desses discursos? Será que é o capitalismo busca crescer desenfreadamente e há grupos que querem por um freio?


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TRAUMAS DA VIOLÊNCIA URBANA


Odranoel, 37 anos, ao sair do trabalho e trilhar o caminho para casa foi atingindo por um tiro de fuzil nas pernas, num ponto de ônibus na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Esse incidente se deu em maio de 2017. Desde então iniciou-se seu calvário. Dois meses e meio ele esteve internado no hospital para o tratamento da ferida, e após a alta hospitalar, passou para nova etapa do tratamento com sessões de fisioterapia que permanecerá por meses. Por conta disso, Odranoel foi afastado de seu emprego e, só depois de finalizar o tratamento que poderá avaliar em que condições físicas voltará a trabalhar. Além disso, se deve acrescentar que essa munição não fere apenas o sujeito atingido por ela, mas também as pessoas próximas e a população que convive diariamente com a sensação de insegurança, de que algo trágico poderá acontecer a qualquer momento.
A narrativa acima é de uma de milhares de vítimas que o conflito armado no Rio de Janeiro produziu nesses anos sombrios de guerra civil (não reconhecida oficialmente como essa característica). E, uma vítima atingida por arma de fogo não sofre trauma somente em seu físico, mas também em sua interioridade a ferida é aberta, e que muito lenta é o processo de cicatrização. Isso deixa manifesto que as marcas da violência se amplia e se estende a cada vez que os conflitos se intensificam, se tornando mais complexo confrontá-los em busca de saídas para solucionar essa situação.
Nesse tempo tenebroso, parentes, familiares e membros de organizações sociais realizaram uma caminhada pelo calçadão de Copacabana, Rio de Janeiro, pedindo paz para esta cidade e justiça para a memória dos policiais mortos em combate ao crime organizado ou exterminados pelo fato de ser reconhecidos como policiais, servidores da segurança do Estado. Foram inúmeras vítimas que tornaram alarmantes por conta de constante insegurança. Frequentemente, membros da corporação da polícia militar, recrutas do crime organizado se exterminam mutuamente ou atingem civis em meio a intensas trocas de tiros, numa disputa entre o domínio de áreas por determinada facção criminosa ou a retomada do controle do Estado de desses mesmos espaços urbanos. E, a ampliação desses conflitos, que moroso para se chegar a uma trégua, estende a crise política, social e econômica, em que o Estado está em contínua perda da força legitimadora de garantia da proteção dos cidadãos e de zelo pelo cumprimento da lei, num cenário moral destroçado pelo princípio primitivo da prevalência do mais forte sobre o mais fraco.
E, por conta dos conflitos armados diversas escolas interromperam as aulas por evitar colocar alunos e funcionários em riscos, crianças traumatizadas por conta dos ruídos de impactos das munições, profissionais de saúde mesmo mal remunerados e com salários atrasados se adaptaram para realizar atendimentos de pacientes semelhantes aos locais de guerras armadas de outras localidades do mundo por necessitar atender constantemente pacientes perfurados por armas de fogo, e eles mesmos receosos de serem os próximos pacientes. Isso é apenas para mostrar que o Estado está numa situação decadente, com representantes do poder público que não contam com a confiança da população por causa das denúncias de desvios de verbas públicas e recebimentos ilícitos de dinheiro de empresas privadas. A sociedade a cada dia se demonstra sem limites de parâmetros éticos para moldar atitudes morais de convivência social, que no cotidiano se impera um individualismo hedonista, que entrando em relação com outros indivíduos entram em choque, que consequentemente constrói a sensação de que confrontar com o outro não é mais encontro humano, mas é passear num campo minado que a qualquer momento poderá explodir e levar essa convivência pelos ares. Assim se pode estourar em qualquer briga entre pessoas que podem matar o outro por qualquer motivo trivial.
E, assim inseguro, traumatizado e com a alma armada segue a população. Se sente caminhando em campo minado que interfere até nas relações familiares. Quantas notícias há de explosões de violência nos espaços sociais e, também nos espaços familiares. Compreende-se assim como as munições de armas de fogo podem causar na vida das pessoas quando são disparadas.

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...