terça-feira, 2 de agosto de 2016

A PROPOSTA DE REDUÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS E O PROGRESSO

No dia 08 de julho alguns sites noticiaram o encontro do Presidente da República Michel Temer com os industrialistas ligados à CNI (Conferência Nacional da Indústria) e, entre os assuntos tratados em pauta, o que mais se destacou foi a posição do presidente desta conferência, Robson Braga, que em nome dos industrialistas propôs ao Presidente Temer a aprovação de mudanças urgentes nas leis trabalhistas e previdenciárias. Entre essas mudanças há a proposta do aumento da jornada de trabalho de 8 horas para as 12 horas, somando ao todo 60 horas semanais, argumentando que com mais horas de exploração da força de trabalho do operário o Brasil melhorará seu déficit fiscal e, com isso a indústria nacional ganhará competitividade.
Diante dessas propostas a nossa sociedade se encontra diante de um dilema que poderá atingir a maior parte da população nacional, a grande massa que forma a classe trabalhadora, que sustenta os ganhos dos industrialistas e o dinheiro utilizado na corrupção nas instituições públicas e privadas, que somam milhões de reais, desviados de suas finalidades, causando deficiências nos investimentos das necessidades básicas das famílias da classe trabalhadora. Nesta perspectiva, nos encontramos diante de propostas que caso forem levadas adiante poderão agravar ainda mais a condição de vida desta classe, causando o empobrecimento de suas famílias.
Além disso, considerando a história da luta e organização da classe trabalhadora desde a consolidação do capitalismo industrial na Europa no fim do séc. XVIII e início do séc. XIX, pode-se compreender que propostas como estas podem se tornar fontes de retrocessos de garantias de direitos sociais, pautadas na segunda onda de reconhecimento dos direitos humanos fundamentais, que a dignidade do trabalho só pode ser considerada como tal se houver meios de proteção e promoção do bem estar do trabalhador.
Atualmente, o governo francês tomou a medida de aumentar a jornada de trabalho para até 12 horas, com o intuito de aumentar a competitividade de sua indústria com os demais países europeus mais ricos. Porém, a classe trabalhadora não recebeu essas mudanças passivamente, e sim, se mobilizou e organizou manifestações, consciente da histórica luta desta classe em solo francês, que mudanças desta natureza ofendem a memória de inúmeros membros desta classe que foram massacrados nas ruas de Paris e de outras cidades em nome das conquistas dos direitos sociais, no decorrer do séc. XIX e meados do séc. XX.
Além do mais, não se pode esquecer a memória das primeiras organizações da classe trabalhadora no Brasil, que muitos foram tratados como criminosos por lutar pelos direitos sociais já conquistados pelos países europeus, pioneiros na luta pelos direitos sociais. A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) foi um esforço que custou o sofrimento da classe trabalhadora organizada, resistente a repressão violenta da elite brasileira.

Se tratando da memória desta luta, se dar conta que o presidente da CNI apresenta num discurso técnico e calculista como proposta de progresso para o Brasil, mudanças para reduzir os direitos sociais, garantirá meios para efetivar o maior ganho de capital aos industrialistas e, em contrapartida o agravamento da pobreza da maior parte da população brasileira e, redução de seus direitos duramente conquistados.

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...