sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É SUPREMACIA DA CULTURAL PATRIARCAL?

Por esses dias foi noticiado nos jornais que o governador do Estado de São Paulo, João Doria, vetou o projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa, que garantiria o funcionamento de 24 horas da Delegacia da Mulher. Essa atitude fomentou protestos de pessoas ligadas aos movimentos sociais de defesa dos direitos das mulheres, pois, são diversos casos de agressão contra a mulher que ocorrem diariamente que justificam a necessidade de manter delegacias específicas para atender essas vítimas a quaisquer horas disponíveis que não conseguem nas delegacias convencionais na mesma qualidade.
Mesmo com a divulgação da lei que garante formalmente a proteção da mulher, e com a conscientização a respeito deste tema, essa realidade que violenta o sexo feminino permanece em nossos dias como algo cruento que ilumina a compreensão filosófica que afirma que na contemporaneidade o avanço tecnológico, que a humanidade não se esgota de se surpreender de sua capacidade, não necessariamente é motor impulsionador de desenvolvimento social e, em muitos casos se percebe que nesta área há uma decadência de humanidade. Em relação da violência contra a mulher, atitudes que vimos ser noticiados diariamente parecem concordar com a visão do filósofo da antiguidade grega, Aristóteles, que na obra A Política, argumentava que a condição natural do homem é comandar e, a da mulher é ser comandada e ser submetida ao domínio masculino. O bem da mulher consiste na submissão e, caso se rebelasse contra essa  condição de sua natureza, o homem deveria utilizar-se dos meios para manter a ordem natural das coisas, ou seja, de manter a mulher sob seu domínio.
Estranhamente, essas ideias se encontram arraigadas no inconsciente masculino. Há tantos homens que agridem e matam suas companheiras por estas não atenderem aos seus caprichos, mostrando que há diversas relações de enamorados e conjugais dominadas por atitudes abusivas. E, há inúmeros casos em que diversas mulheres decidiram por um fim nessas relações, por conta disso  foram duramente agredidas e assassinadas. Há também relatos de torturas psicológicas de homens que ameaçam tomar os filhos de suas companheiras e, até os mataram com o objetivo sádico de agredi-las.
Essa questão social tão presente em nosso tempo, na era do mundo informacional em velocidade recorde, que rompe as fronteiras nacionais por meio do mundo cibernético, com a internet estreitando as distâncias do mundo globalizado, sinaliza com esse exemplo  que o amadurecimento moral da sociedade não acompanha esse avanço  com a mesma capacidade obtida pela tecnologia digital. 
De fato, muitos costumes da antiguidade se espalharam pelo tempo por obra de pensadores moralistas. Por conta disso se compreende que no inconsciente de muitos homens se conserva os costumes do poder patriarcal e, parece ser uma desonra superar esse paradigma mesmo no tempo atual.
 Além do mais, a decisão do governador João Doria pode ser entendido que na sociedade moderna pautada na liberdade e igualdade não há motivo de uma delegacia específica para as mulheres, mas para muitos profissionais jurídicos  o interessante é o fechamento total dessas delegacias, por entender que mulheres por natureza são mais frágeis e devem ser pelos homens dominadas. Mas, há seguimentos sociais que enxergam a realidade do ponto de vista das mulheres agredidas e violentadas, que percebem que essas delegacias ainda não atendem as demandas de tantas mulheres que necessitam recorrer a esta instituição para buscar proteção contra seus algozes. Muitos moram debaixo do mesmo teto.
E, quem sabe se chegará um dia em que falar de Delegacia da Mulher não haverá mais sentido, porque o desenvolvimento social acompanhará do mesmo modo o avanço da técnica, que não haverá mais casos de feminicídios, sendo superado a sociedade  patriarcal.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

MITO COM PRAZO DE VALIDADE?


Há pouco tempo iniciou-se o novo governo executivo do Brasil, com a posse do presidente Jair Bolsonaro, e com esse evento muitas expectativas se afloram no imaginário coletivo do povo brasileiro. Anos antes da última eleição presidencial, Jair Bolsonaro, ainda deputado federal, atraiu para si diversos seguidores, como fãs e admiradores, por conta de seus discursos radicais com tons firmes e truculentos contra movimentos sociais e políticos de partidos ideologicamente de esquerda. Oposicionista ferrenho do governo do PT, Jair Bolsonaro afirma que este partido e os movimentos por este apoiado afundaram o país, colocando-o numa tremenda crise econômica e institucional, que os jornais noticiavam cotidianamente.
Contudo, esse governo começou a dar os primeiros passos na condução executiva da nação e, já deixa mostras que a imagem do personagem mitológico Jair Bolsonaro, homem íntegro e incorruptível, semideus moralizador e defensor dos bons costumes poderá sofrer pequenas fissuras ou mesmo desabar por conta dos jornais apresentarem ao público algumas situações e relações, no mínimo estranhas, envolvendo pessoas ligadas ao seu governo e até seus próprios filhos nelas envolvidas. E, se soma a isso, seus novos discursos, recheados de palavras bem estruturadas e, de sofismos para defender interesses específicos de um grupo social privilegiado economicamente em detrimento dos direitos sociais da grande massa populacional, como os direitos trabalhistas, por exemplo.
Uma atitude que não agrada nem mesmo uma parcela da classe média brasileira é o alinhamento idolátrico de presidente Jair Bolsonaro aos EUA e a Israel. Essas nações conhecidas internacionalmente por promover ataques bélicos e exploração das nações menos desenvolvidas, o discurso do novo presidente sinaliza um afrouxamento do Brasil aos interesses das nações mais ricas e poderosas. E, mesmo falando da defesa da soberania nacional, na prática seu plano de política internacional sinaliza submissão brasileira às nações imperialistas.
Dessa forma, o prognóstico até o momento é o arruinamento sistemático da imagem do personagem mitológico. Isso pode não significar a redução do poder e influência desse governo na relação com o poder legislativo e judiciário, mas, do desabamento da ilusão, mais uma vez criada no imaginário popular, da chegada do messias salvador da pátria.

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...