segunda-feira, 9 de abril de 2018

NOVOS IMIGRANTES NO BRASIL


Entre a exploração midiática em torno do tema prisão do Lula, um pequeno espaço foi dedicado para noticiar a respeito da chegada de famílias venezuelanas em São Paulo, na Missão Paz, instituição criada pelos missionários scalabrinianos para acolher e dar suporte religioso, jurídico e social aos imigrantes, que atualmente padre Paolo Parise é o principal coordenador e divulgador desta entidade. Esse evento tem despertado alguns cidadãos para discutir sobre a imigração ao nosso país e as consequências para as questões sociais.

Nessas discussões muitos aproveitam para engrossar argumentos que afirmam que os imigrantes agem com insolência com os brasileiros e, comumente são indolentes e, se aproveitam para buscar sustento acomodando-se apenas com os recursos que o governo destina à sua acolhida. Há quem apresentam teorias da conspiração, que divulgam argumentos que justifica a tese de que imigrantes oriundos da África aportam no Brasil com o intuito de dominar e escravizar os brasileiros. E, diante dessas afirmações se percebe que falta a atitude para buscar a compreensão dos motivos que causam o fenômeno da imigração e, que condições sociais e econômicas os imigrantes se encontravam em seus países. É fundamental se fazer esse tipo de questionamento para provocar um debate com mais elementos para apresentar uma opinião sobre o tema da migração, que é um fenômeno que interfere na dinâmica de todo o mundo.

Na atualidade brasileira imigrantes de várias nações aportam em nosso país e, para buscar entender o motivo de tantos deles chegarem ao nosso território vamos refletir sobre as condições de vida de duas nações que nos últimos anos destinaram vários imigrantes para o Brasil: Haiti e Venezuela.

Haiti foi uma nação construída por meio da exploração da mão de obra de pessoas negras escravizadas pelo governo francês. Após anos de exploração esses escravos se organizaram para lutar contra a dependência dos colonos franceses e, no início do séc. XIX alcançam a independência. Entretanto, o governo francês cobrou muito caro para deixar que Haiti se tornasse uma nação independente e, como consequência deixou essa terra sem estruturas para se organizar politicamente e, falida economicamente. Em 2010, um terremoto atingiu o território do Haiti agravando ainda mais a miséria de seus cidadãos. Em meio à fome e às epidemias de doenças causadas principalmente por condições precárias de saneamento básico, muitos haitianos migraram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e de trabalho.

Venezuela há alguns anos vêm atravessando uma crise política e econômica por conta de desequilíbrio no mercado de petróleo e de gás natural. A pressão internacional pela aquisição desses bens por preços mais baixos e a resistência do presidente Nicolas Maduro em não ceder a essa proposta geraram o empobrecimento da nação ao ponto de produzir uma situação comercial em que elementos básicos para a sobrevivência humana viessem a faltar nos estabelecimentos comerciais. O índice de desemprego nesse país elevou enormemente, muitos de seus cidadãos falecendo por inanição, hospitais perderam meios para tratar pacientes de suas enfermidades e, as instituições de modo geral faliram.

Além disso, os conflitos políticos de grupos antagônicos geraram diversos conflitos bélicos. Centenas de mortes de manifestantes contra o governo, a implantação de uma nova constituinte, as ameaças dos EUA de interferir militarmente contra este mesmo governo e a resistência do presidente Nicolas Maduro em se manter firme em não ceder às pressões internacionais criaram um ambiente de misérias e incertezas da recuperação das condições dignas de vida no território venezuelano. Diante do ambiente generalizado de fome e doenças, muitos venezuelanos migraram em massa rumo à fronteira do território brasileiro.

Levantando esses dois exemplos de contextos sociais e econômicos se pode trazer novos elementos para se debater as causas da imigração. É compreensível que se haja diversas preocupações em torno dessa movimentação de contingente humano ao nosso território, mas também apresentar respostas já prontas de condições de diversas faces de questões e situações sociais e culturais poderá a levar a implantação de novas polarizações. E, bastam-se as polarizações partidárias que o Brasil atravessa no cenário político atual.


quinta-feira, 5 de abril de 2018

A MÍDIA E O SACO CHEIO


Em cada momento há uma notícia que mais ocupa espaços nos meios midiáticos. Só nesses últimos meses apareceram algumas que foram comentadas a exaustão das pessoas antenadas nas redes sociais, rádios e TVs. Há como não recordar do surto da febre amarela, que levou multidões a uma corrida desenfreada às UBSs de São Paulo. E, quando a Prefeitura de São Paulo definiu as datas oficiais para vacinação, as UBSs ficaram largadas às moscas. A população se desgastou tanto de ouvir a respeito desse tema de tão comentada que com o passar dos dias, dele se perdeu interesse e, a excitação da população de se vacinar se arrefeceu.

A guerra urbana do Rio de Janeiro se destacou com diversos temas que ganharam espaços muito extensos nas mídias sociais. Pode-se elencar alguns dos temas tais como:

a)     A guerra na Rocinha que desencadeou com a prisão do tal 157, que do dia para a noite esse cidadão ficou mais famoso que Pablo Escobar.

b)     A intervenção militar ou federal (depende de que lado se está jogando na política dualista brasileira do momento) que originou diversas discussões com muitos mitos e verdades; mas que de tanto se debater sobre ela que os internautas e telespectadores aos poucos vão deixando apenas para a população que moram nas comunidades em que os militares do exército se fazem presentes opinar sobre esse fato.


c)     O extermínio da vereadora Marielle, que causou grande impacto na população brasileira pela crueldade e covardia do fato ocorrido. Entretanto, até a população carioca está se dando conta que logo essa notícia perderá sua força extensiva nas mídias sociais e será esquecida. A população se anestesiou diante de tamanha crueldade contra a pessoa humana, que as próprias mídias contribuem de certa forma, por  tanto noticiar exageradamente a respeito da mesma  ocorrência.

d)     E, outras mais que poderiam ser citadas.


Ah! Não se pode deixar de citar que o pé de Neymar ganhou mais destaque que a chegada do homem à lua. O mundo inteiro pareceu preocupado se Neymar estaria ou não presente na Rússia em junho para disputar a Copa do Mundo. Convenhamos: o pé de Neymar vale rios de dólares. Mas, há pessoas que reagiram contra tanta falação nas redes sociais sobre o pé de ouro, pois a fratura neste pé comoveu até grupos de cristãos para fazer correntes de oração, negligenciando que no mesmo período inúmeras crianças sírias eram vítimas de bombardeios e, que há refugiados que atravessam as fronteiras das nações numa extremada miséria.

E, o Lula! Tanta gente que passou até torcer pela sua condenação, para que a mídia não mais comente a respeito de seu processo judicial. Por outro lado, há a pequena parcela da população que sai pelas ruas manifestando contra ou a favor de sua prisão. Colocaram até a foto do Papa Francisco opinando sobre o processo do Lula. Na era de Fake News, há de se ficar com a antena ligada. Mas, se considerar a maior parte da população, sendo Lula preso ou não, deseja mesmo que a mídia mude o disco da discussão e não explore até a exaustão as notícias midiáticas. Suas lutas continuam e ela não consegue parar para acompanhar e assimilar os inúmeros comentários a respeito de um mesmo assunto com tantas minúcias como se fossem novelas.

Até o próximo espaço midiático.

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...