O
pé de Neymar está valendo rios de ouro. Foi com muita comoção internacional que
as mídias mundiais acompanharam a cada etapa, desde sua lesão durante o jogo
até seu descanso em sua rica mansão, os fatos que marcaram o tratamento da
fratura em seu pé. Até a visita de sua namorada em sua mansão é tema de debate.
Se as relações íntimas neste momento ajudariam ou não o jogador se recuperar e
se preparar para a Copa do Mundo. A torcida brasileira deseja ver Neymar nos campos
da Rússia, e conquistar mais um título de campeão mundial. Até a classe
política também tem esse desejo, mas neste caso deixemos esse debate em outra
ocasião.
A
questão é que nosso mundo vive tão conturbado e insustentável para a vida, mas
esses temas não causam tanta comoção. Alguns internautas chamaram atenção nas
redes sociais para as pessoas se comoverem com as notícias de crianças sírias
sendo mortas em meio aos bombardeios em vez de aumentar ibope das matérias da
imprensa a respeito da cirurgia realizado no Neymar. Pessoalmente não conheço
esse jogador, e nem é culpa de sua pessoa se o sistema econômico se regula
nessa dinâmica. Inúmeras guerras se sustentam pela ordem econômica mundial, no
qual estamos inseridos e as nossas necessidades são por ela regulamentada.
Inclusive, o mesmo sistema que nos faz comover pelo pé de Neymar e, não dirigir
nossa atenção ao nosso vizinho que atravessa uma enfermidade de muita
gravidade, e que continua na espera da fila do SUS para receber uma consulta.
Talvez, estejamos com viseiras invisíveis em nossos olhos e, algum ser conduz a
direção de nossa visão.
Hoje
se constata que o atual sistema econômico é insustentável para a vida no
planeta, tanto humana quanto do meio ambiente. Os biólogos constataram que as
geleiras se derretem por conta do efeito estufa que atinge o Planeta Terra.
Entretanto, se constata que os esforços para pensar numa mudança de paradigma
que reverta esta condição de vida planetária e abandonar o modo de vida que
promove espetáculos como a cobertura do pé de Neymar são débeis. A Itália já
mostrou sinais que cidades ficarão submergidas daqui a cem anos se as geleiras
assim continuarem a derreter com alguns locais próximo ao mar alagados por
conta de maré alta. Há preocupações também no litoral brasileiro. Mas, isso
pouco importa na mentalidade que mede a qualidade de vida pelo acesso aos bens
de consumo. Ou seja, seres humanos podem se matar nas guerras e, o planeta ser
destruído por conta da degradação ambiental, mas o consumismo tem que continuar.