Odranoel,
37 anos, ao sair do trabalho e trilhar o caminho para casa foi
atingindo por um tiro de fuzil nas pernas, num ponto de ônibus na
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Esse incidente se deu em maio
de 2017. Desde então iniciou-se seu calvário. Dois meses e meio ele
esteve internado no hospital para o tratamento da ferida, e após a
alta hospitalar, passou para nova etapa do tratamento com sessões de
fisioterapia que permanecerá por meses. Por conta disso, Odranoel
foi afastado de seu emprego e, só depois de finalizar o tratamento
que poderá avaliar em que condições físicas voltará a trabalhar.
Além disso, se deve acrescentar que essa munição não fere apenas
o sujeito atingido por ela, mas também as pessoas próximas e a
população que convive diariamente com a sensação de insegurança,
de que algo trágico poderá acontecer a qualquer momento.
A
narrativa acima é de uma de milhares de vítimas que o conflito
armado no Rio de Janeiro produziu nesses anos sombrios de guerra
civil (não reconhecida oficialmente como essa característica). E,
uma vítima atingida por arma de fogo não sofre trauma somente em
seu físico, mas também em sua interioridade a ferida é aberta, e
que muito lenta é o processo de cicatrização. Isso deixa manifesto
que as marcas da violência se amplia e se estende a cada vez que os
conflitos se intensificam, se tornando mais complexo confrontá-los
em busca de saídas para solucionar essa situação.
Nesse
tempo tenebroso, parentes, familiares e membros de organizações
sociais realizaram uma caminhada pelo calçadão de Copacabana, Rio
de Janeiro, pedindo paz para esta cidade e justiça para a memória
dos policiais mortos em combate ao crime organizado ou exterminados
pelo fato de ser reconhecidos como policiais, servidores da segurança
do Estado. Foram inúmeras vítimas que tornaram alarmantes por conta
de constante insegurança. Frequentemente, membros da corporação da
polícia militar, recrutas do crime organizado se exterminam
mutuamente ou atingem civis em meio a intensas trocas de tiros, numa
disputa entre o domínio de áreas por determinada facção criminosa
ou a retomada do controle do Estado de desses mesmos espaços
urbanos. E, a ampliação desses conflitos, que moroso para se chegar
a uma trégua, estende a crise política, social e econômica, em que
o Estado está em contínua perda da força legitimadora de garantia
da proteção dos cidadãos e de zelo pelo cumprimento da lei, num
cenário moral destroçado pelo princípio primitivo da prevalência
do mais forte sobre o mais fraco.
E,
por conta dos conflitos armados diversas escolas interromperam as
aulas por evitar colocar alunos e funcionários em riscos, crianças
traumatizadas por conta dos ruídos de impactos das munições,
profissionais de saúde mesmo mal remunerados e com salários
atrasados se adaptaram para realizar atendimentos de pacientes
semelhantes aos locais de guerras armadas de outras localidades do
mundo por necessitar atender constantemente pacientes perfurados por
armas de fogo, e eles mesmos receosos de serem os próximos
pacientes. Isso é apenas para mostrar que o Estado está numa
situação decadente, com representantes do poder público que não
contam com a confiança da população por causa das denúncias de
desvios de verbas públicas e recebimentos ilícitos de dinheiro de
empresas privadas. A sociedade a cada dia se demonstra sem limites de
parâmetros éticos para moldar atitudes morais de convivência
social, que no cotidiano se impera um individualismo hedonista, que
entrando em relação com outros indivíduos entram em choque, que
consequentemente constrói a sensação de que confrontar com o outro
não é mais encontro humano, mas é passear num campo minado que a
qualquer momento poderá explodir e levar essa convivência pelos
ares. Assim se pode estourar em qualquer briga entre pessoas que
podem matar o outro por qualquer motivo trivial.
E,
assim inseguro, traumatizado e com a alma armada segue a população.
Se sente caminhando em campo minado que interfere até nas relações
familiares. Quantas notícias há de explosões de violência nos
espaços sociais e, também nos espaços familiares. Compreende-se
assim como as munições de armas de fogo podem causar na vida das
pessoas quando são disparadas.
QUANDO A CRIMINALIDADE COMEÇOU A CRESCER NO RIO DE JANEIRO NOS ANOS 60,NINGUEM FEZ NADA,CRESCEU E CRESCEU....AGORA MATA DIARIAMENTE!!
ResponderExcluirNão é de hoje que a criminalidade do Rio está numa escala crescente. E, atualmente chegou ao ponto de ma guerra civil comparada com as regiões de grande conflito pelo mundo, como Iraque, Síria, alguns territórios do continente africano e outros mais.
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