terça-feira, 25 de julho de 2017

CONDENAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LULA: AÇÃO JURÍDICA OU POLÍTICA?


O cenário político atual no Brasil é noticiado pelos variados meios de comunicação como esfera de corrupção generalizada, com diversos personagens políticos dos múltiplos partidos e correntes ideológicas envolvidos em ações fraudulentas e criminosas. Muitos líderes de partidos, quando se apresentam diante das câmeras de TV para defender algum correligionário denunciado ou membro de partido aliado sempre apontam motivos políticos para as acusações de corrupção, a confiança da inocência do acusado e que os fatos serão esclarecidos para a população. Porém, quando a acusação se torna insustentável para desta se defender, se negocia entre os membros do próprio partido e dos partidos aliados o afastamento do acusado do cargo político para evitar desgaste ao governo ou ao grupo parlamentar de oposição e preservar a legenda partidária. Pela mídia é divulgada a exaustão os diversos casos de corrupção, que com o tempo o que era para ser canal de informação ao telespectador, se torna um meio para confundi-lo. E, com um pouco mais do passar do tempo essas notícias são relegadas ao esquecimento, que só alguns intelectuais e cidadãos mais atentos recordam dessas ocorrências e, conseguem fazer a ligação de um fato com o outro.
E, nesses dias a notícia da condenação do ex-presidente Lula de 9 anos e meio de prisão, acusado de receber como propina da construtora OAS um apartamento tríplex em Guarujá e um sítio em Atibaia, ambas cidades do Estado de São Paulo, causou agitação no mundo da política e da militância partidária e movimentos sociais. Líderes de movimentos sociais e de partidos de esquerda organizaram atos de repúdio à condenação de Lula e, de apoio a ele. Eles alegam a inocência do ex- presidente e a parcialidade do Juiz Sergio Moro na condução do processo que o condenou. Entretanto, há uma parcela significativa de membros desses partidos e movimentos sociais que têm se mostrado descontente com algumas mudanças de rumo dessas instituições, e receosos de ter feitos papel dos animais da fazenda da obra A Revolução dos Bichos, de George Orwell durante o governo petista.
Nessa obra os animais da fazenda realizaram sob a liderança dos porcos a revolução no qual expulsaram os humanos desta terra. Os porcos, por meio da construção de um aparelho burocrático, anunciavam a libertação, manipulavam as informações reais e inventavam diversas acusações de conspirações para executar os seus inimigos. Essa libertação, a nova era de prosperidade na realidade era a nova liderança de opressores que manipulavam os demais animais para aderir à própria condição de explorados como se fosse liberdade. E, muitos membros dos partidos de esquerda e movimentos sociais desconfiam de estar em semelhantes condições desses animais.
Também se deve considerar que os membros de partidos de direita se mobilizaram em busca de favorecer-se com a condenação de Lula. Procuram tirar vantagens para se apresentarem à população como a imagem de que em suas mãos a corrupção será combatida. Entretanto, eles encontram dificuldades por causa de muitos deles se encontrarem denunciados por diversas fraudes e crimes. Por isso, se compreende que essa estratégia terá obstáculos para poder legitimamente se sustentar.
A grande massa populacional, a maioria dos votantes, não é engajada em partidos políticos e nem em movimentos sociais. Essa parcela se encontra insatisfeita com a classe política e desmotivada em debater questões políticas e de se apresentar às urnas para votar. Caso a lei da obrigatoriedade do voto fosse revogada, a abstinência de votos seria significativamente maior que às constatadas nas últimas eleições. Muitos votantes aleatoriamente escolhem seus candidatos de última hora só para cumprir a obrigação legal. A porcentagem de votos em branco e nulos cresce em cada pleito. E, Para esse público a condenação de Lula soou como mais um membro da classe política que se corrompeu no exercício do mandato político.
Contudo, se deve também levar em conta é que Lula foi o presidente do Brasil mais popular no cenário internacional. Grandes revistas e jornais dos países desenvolvidos elogiavam a política econômica e social de seu governo, que alavancou a economia brasileira e, com os programas sociais reduziu o índice da pobreza dos brasileiros. E, hoje ele se encontra atravessando uma fase delicada na sua trajetória histórica enquanto ser político e na sua vida pessoal, como Luís Inácio. E, diante deste embate o que se contará de sua história às futuras gerações? Presidente Lula condenado por motivações políticas? E, seu governo será lembrado com força positiva ou negativa para o desenvolvimento do Brasil?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...