Em julho de 2017 a Reforma trabalhista foi sancionada no Brasil, após intensos debates ocorridos no Congresso Nacional, nos espaços de representação empresarial; e também após ocorrências de manifestações de movimentos sociais. Estes declaradamente contrários a esta reforma. Foram nas ruas que os movimentos sociais organizaram diversas manifestações, muitas destas de amplitude nacional, argumentando que essa modificação legislativa reduziria drasticamente os direitos trabalhistas, que vigora no país desde a promulgação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) pelo Presidente Getúlio Vargas. Graças à promulgação da CLT, os direitos sociais foram finalmente reconhecidos no Brasil, marcando uma nova fase nas lutas da classe trabalhadora e da estrutura dos sindicatos que foram atrelados ao Ministério do Trabalho. Houve trabalhadores que satisfeitos com as mudanças legais da relação capital e trabalho proclamaram Presidente Getúlio Vargas como pai dos pobres. Porém, O Pai dos pobres havia um projeto político de industrializar o país, seguindo o modelo desenvolvista de acordo com os ditames da economia internacional e, para isso era urgente um novo tipo de operariado, pronto para uma nova relação de produção industrial e vida urbana.
Interessante
ressalta que a partir da promulgação da CLT, o operário brasileiro
passou a ter um documento emitido pelo Ministério do Trabalho, a
Carteira de Trabalho e Previdência Social. Na época do Regime
Militar, esse documento era fundamental para o trabalhador ser
reconhecido como cidadão de direto e, a vadiagem considerada um
crime. Se a vadiagem continuasse a ser considerada legalmente crime,
muitos brasileiros deveriam se explicar nas delegacias o por que
desta suposta prática de vadiagem. Nessa situação há um grande
dilema, por exemplo: muitas pessoas utilizam a prática de pedir
esmolas como meio de vida, até o ponto de construir residência,
pagar um bom plano de saúde e adquirir automóveis, mas há os que
necessitam por se encontrar na indigência. Por outro lado, há a
questão da República Federativa do Brasil não garantir mais a
política do pleno emprego, que era a proposta de política social do
Regime Militar, quando assumiu a estruturação do modelo industrial
fordista. Será que a população deveria denunciar essa nação às
cortes internacionais?
Em
mencionar o pleno emprego, alguns parlamentares e o Presidente Michel
Temer afirmam que a Reforma Trabalhista é necessária para o Brasil
voltar a gerar empregos. Com sua promulgação, os empresários
voltariam a investir no país e ter segurança legal em contratar os
trabalhadores. Mas, ficam interrogações a respeito do real motivo
dos empresários ter deixado de aplicar recursos financeiros no país
e, se os direitos trabalhistas eram o espantalho dos empresários ou
se empresários foram e continuam sendo os monstros de filme de
terror dos trabalhadores, com sua avidez de acumular maior lucro e
remunerar menos os operários. Ah! Também se deve considerar a
corrupção gritante no país, com as denúncias frequentes
noticiadas na mídia jornalística, envolvendo muitos membros da
classe política, membros do judiciário, empresários e servidores
públicos. Além disso, há as diversas atitudes corruptas que os
cidadãos comuns cometem diariamente, num costume moral de
disseminação da cultura de se levar vantagem em relação aos
outros em qualquer embate e negociação.
Diante
disso, o que se pode apreender que de fato há grupos que buscam
atender seus interesses com a promulgação da Reforma Trabalhista e,
também aqueles que não a vejam como vantajoso aos seus, mas os
reais motivos se encontram ocultos e, seus discursos lhes mantém
assim. A ocultação dos reais interesses é uma prática desde a
antiguidade da história humana, em que oradores e pregadores nas
mais diferentes esferas, como política, educacional, social e
religioso utilizam da retórica para convencer os ouvintes de aderir
suas ideias e planos, entretanto, seus interesses e desejos reais não
são manifestados nos discursos. Os pronunciamentos em torno da
Reforma Trabalhista seguem a mesma lógica. Mas, quais são os reais
interesses? Isso se deve averiguar, por ser encoberto em meio a
tantos planos, palavras e dissimulações da vida social, entre
apertos de mãos, abraços e encontros sociais. Um filósofo dizia
que o universo é um livro aberto e que as estrelas e astros são
suas letras
a ser desvendadas;
e assim os reais interesses são manifestados nos próprios discursos
e atitudes que os ocultam e, são seus signos para ser revelados e
esclarecidos por meio de uma investigação.
Enquanto
isso, vamos caminhando.
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