Quando assistimos nos
telejornais algumas notícias de agressões como de torcidas
organizadas concentradas a caminho de estádios de futebol, de grupos
de foliões de carnaval promovendo invasão de edifícios
residenciais, assédio e agressões físicas às mulheres em meio aos
blocos de carnaval ficamos intrigados. São notícias fortalecem os
argumentos dos que preferem permanecer no recanto do lar que sair em
meio a multidão em períodos festivos ou em eventos de concentração
de massa. Mas, para além de preferências pessoais de se reunir em
eventos de massas ou de frequentar espaços mais recolhidos, cabe
questionar quem são essas pessoas que agridem os outros e o que os
levam agir desse modo quando se encontram em meio a multidão.
Em nosso imaginário,
quando ouvimos ou assistimos os noticiários que alguma pessoa foi
privada de liberdade por ter cometido esses tipos de agressões,
nossa fantasia cria um personagem de cara fechada, feições de
raiva, de comportamento rude e grosseiro e de aspecto sombrio.
Entretanto, nossa imaginação nos leva ao engano em muitos dos casos
e, nos sentimos surpreendidos que muitas dessas mesmas pessoas
privadas de liberdade são descritas como pacíficas, solícitas,
solidárias e de temperamento calmo por seus parentes, amigos e
conhecidos. Um exemplo de um caso intrigante, foi quando, em 2013 um
membro da torcida organizada Força Jovem do Vasco foi preso por ter
sido identificado em imagens de vídeo, em que aparece agredindo com
uma barra de madeira ou de ferro um torcedor do Atlético Paranaense,
que já estava caído na arquibancada do estádio de futebol, em
Joinville-SC. Quando os repórteres foram investigar como esse
agressor era visto por seus parentes, amigos e conhecido em sua
cidade natal, Nova Iguaçu-RJ, se surpreenderam ao descobrir que ele
era reconhecido como um homem bem-humorado, educado, pacífico e
empenhado em seu trabalho. Inclusive, já tinha participado de grupo
jovem de uma igreja evangélica. Diante deste paradigma interrogações
são feitas em nossa mente: que leva indivíduos com características
semelhantes as descritas acima tomar atitudes violentas em
agrupamentos de massas?
Partindo de argumentos de
diversos especialistas em estudos humanos e sociais pode-se elencar
algumas supostas causas:
a) a necessidade de
buscar aceitação em determinados grupos que aprovam a valentia e a
brutalidade, motiva muitas pessoas se comportarem com violência,
mesmo que na própria consciência esta atitude seja moralmente
reprovada.
b) O extravasamento de
rancores e frustrações reprimidos em diversas áreas da vida, como
familiar, profissional, econômica e afetiva que em concentração de
massa os indivíduos se tornam encorajados em projetar contra os
outros que, na maioria das vezes, não se tem conhecimento quem sejam
eles.
c) Intolerância e
preconceito a determinados grupos de pessoas, que em seu ambiente
familiar e profissional muitos indivíduos se encontram receosos de
expressarem sua fúria por conta da necessidade de contar com a
segurança ao grupo em que se vive, e encontram-se mais estimulados
em externar quando reunido em grupos de massa que partilham das
mesmas ideologias.
d) Procura de aventura e
adrenalina, mesmo que seja para entrar em conflito violento com
outro.
Mesmo que em todas essas
argumentações das ocorrências de agressões em meio aos grupos de
massa em eventos urbanos não sejam suficientes para responder a
todos esses fatos, mas esse tema merece atenção por ter se tornado
comum nos espaços urbanos, como fatos sociais que cresceram com a
concentração da população das cidades em movimento expansivo de
densidade demográfica, como fenômeno da modernidade e, que continua
perene na contemporaneidade.
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