sábado, 11 de março de 2017

VÍTIMA DA FOME E TECNOLOGIA ATUAL


Umas das necessidades mais básicas para a sobrevivência do ser humano é a alimentação. Por ela que nós recebemos os nutrientes essenciais para podermos nos manter vivos biologicamente e força física para buscarmos satisfações das demais necessidades. É fato concreto que o desenvolvimento científico e tecnológico favoreceu no modo de produzir alimentos em atendimento da crescente demanda populacional no globo terrestre. Contudo, o portal r7 noticiou que o primeiro-ministro da Somália denunciou que em Bay, região sul somali, ao menos 110 pessoas morreram de fome e, que segundo a ONU há 360 mil crianças desnutridas nesse país e, 71 mil dessas vítimas correm o risco de chegar a óbito por conta da fome. É uma notícia nauseante de se receber num mundo que avança em tempo recorde em desenvolvimento da tecnologia, inclusive dos meios de comunicação, em que se pode comunicar para qualquer parte do mundo em tempo real. Mesmo com esse poderio ainda se constata com ocorrências de fortes traços de perpetuação desumana de negligência e indiferença às situações de subdesenvolvimento em muitas regiões do mundo. Somália, como outros países africanos, foi dominada pelo imperialismo europeu por anos e, teve suas riquezas naturais extraídas para o favorecimento do avanço tecnológico, o qual não participa na distribuição dos bens.
O processo de extração dos recursos naturais do continente africano se deu com muita intensidade do período que se estende dos meados do séc. XIX a primeiras décadas do séc. XX, com a concretização de política imperialista dos países ocidentais europeus, principalmente no auge do capitalismo liberal. Esse modelo capitalista se destacava pelo empreendimento do livre mercado e da intensificação da concorrência de tal forma que escapando do controle da racionalidade, provocou as guerras entre as nações consideradas mais ricas. Entre os diversos motivos que provocaram essas guerras, conhecidas como mundiais, há os desentendimentos de demarcação dos limites territoriais das colônias na África entre as nações colonizadoras.
Os recursos naturais extraídos do continente africano foram de grande utilidade aos avanços tecnológicos e acúmulo de riquezas na Europa; mas não se efetivou em riqueza, e sim, empobrecimento e indigência na África colonizada. Além da expropriação dos recursos naturais do continente africano, os países europeus impuseram demarcação territorial que ignorava a divisão política já delimitada anteriormente pelas tribos que habitavam esse território geográfico anterior ao período colonial. Em decorrência desta intromissão externa, muitas tribos ficaram divididas em duas colônias distintas e, partes delas passaram a conviver no mesmo território com tribos rivais, e por conta dessa nova definição conflitos foram declarados e, até no tempo atual esses territórios reconhecidos como nações sofrem com as guerras civis violentas e, com a indigência que mais se agrava em consequência dos confrontos bélicos.
Com essa atitude impositiva de demarcação territorial o imperialismo favoreceu o acirramento dos confrontos entre as tribos. Nos anos 60, do séc. XX o processo de descolonização avançou para ser efetivar e, os motivos que mais se destacaram para as nações africanas se tornassem independentes foram as lutas empreendidas pela libertação da colonização europeia e, o desinteresse das nações europeias em manter a colonização já numa fase em que essas julgavam não ser mais rentável. Porém, os traumas causados pela colonização permaneceram enraizados nas terras africanas. A exploração favoreceu o avanço da tecnologia no norte do globo terrestre, mas não a distribuição das benesses deste avanço com o sul. A herança que permaneceu na África foi território nacional delimitado desconsiderando as divisões tribais, consequentemente o aumento de conflitos bélicos e do agravamento da indigência numa terra que forneceu os recursos naturais que enriqueceram enormemente as nações do norte.

Com essa compreensão se pode analisar que mesmo o mundo ter alcançado alto grau de desenvolvimento tecnológico e de produção de riquezas, há de se refletir a respeito da distribuição dos bens produzidos e do conhecimento adquirido. Se levarmos em conta a definição de ética humanitária, ao menos na teoria, definida pela ONU as nações mais desenvolvidas teriam o dever de se comprometer com a promoção do desenvolvimento desses territórios, para erradicação da fome, mas mantendo autonomia humana, política e técnica ao crescimento econômico e social dessas nações. O primeiro-ministro da Somália representa neste noticiário as vozes de muitas lideranças que denunciam essas atrocidades humanas que não podem ficar no obscuro desconhecimento mundial.

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