Umas das necessidades
mais básicas para a sobrevivência do ser humano é a alimentação. Por ela que
nós recebemos os nutrientes essenciais para podermos nos manter vivos
biologicamente e força física para buscarmos satisfações das demais
necessidades. É fato concreto que o desenvolvimento científico e tecnológico
favoreceu no modo de produzir alimentos em atendimento da crescente demanda
populacional no globo terrestre. Contudo, o portal r7 noticiou que o
primeiro-ministro da Somália denunciou que em Bay, região sul somali, ao menos
110 pessoas morreram de fome e, que segundo a ONU há 360 mil crianças
desnutridas nesse país e, 71 mil dessas vítimas correm o risco de chegar a
óbito por conta da fome. É uma notícia nauseante de se receber num mundo que
avança em tempo recorde em desenvolvimento da tecnologia, inclusive dos meios
de comunicação, em que se pode comunicar para qualquer parte do mundo em tempo
real. Mesmo com esse poderio ainda se constata com ocorrências de fortes traços
de perpetuação desumana de negligência e indiferença às situações de
subdesenvolvimento em muitas regiões do mundo. Somália, como outros países
africanos, foi dominada pelo imperialismo europeu por anos e, teve suas
riquezas naturais extraídas para o favorecimento do avanço tecnológico, o qual
não participa na distribuição dos bens.
O processo de extração
dos recursos naturais do continente africano se deu com muita intensidade do período
que se estende dos meados do séc. XIX a primeiras décadas do séc. XX, com a
concretização de política imperialista dos países ocidentais europeus,
principalmente no auge do capitalismo liberal. Esse modelo capitalista se
destacava pelo empreendimento do livre mercado e da intensificação da
concorrência de tal forma que escapando do controle da racionalidade, provocou
as guerras entre as nações consideradas mais ricas. Entre os diversos motivos
que provocaram essas guerras, conhecidas como mundiais, há os desentendimentos
de demarcação dos limites territoriais das colônias na África entre as nações
colonizadoras.
Os recursos naturais
extraídos do continente africano foram de grande utilidade aos avanços
tecnológicos e acúmulo de riquezas na Europa; mas não se efetivou em riqueza, e
sim, empobrecimento e indigência na África colonizada. Além da expropriação dos
recursos naturais do continente africano, os países europeus impuseram
demarcação territorial que ignorava a divisão política já delimitada anteriormente
pelas tribos que habitavam esse território geográfico anterior ao período
colonial. Em decorrência desta intromissão externa, muitas tribos ficaram
divididas em duas colônias distintas e, partes delas passaram a conviver no
mesmo território com tribos rivais, e por conta dessa nova definição conflitos
foram declarados e, até no tempo atual esses territórios reconhecidos como
nações sofrem com as guerras civis violentas e, com a indigência que mais se agrava
em consequência dos confrontos bélicos.
Com essa atitude
impositiva de demarcação territorial o imperialismo favoreceu o acirramento dos
confrontos entre as tribos. Nos anos 60, do séc. XX o processo de
descolonização avançou para ser efetivar e, os motivos que mais se destacaram
para as nações africanas se tornassem independentes foram as lutas empreendidas
pela libertação da colonização europeia e, o desinteresse das nações europeias
em manter a colonização já numa fase em que essas julgavam não ser mais
rentável. Porém, os traumas causados pela colonização permaneceram enraizados
nas terras africanas. A exploração favoreceu o avanço da tecnologia no norte do
globo terrestre, mas não a distribuição das benesses deste avanço com o sul. A
herança que permaneceu na África foi território nacional delimitado
desconsiderando as divisões tribais, consequentemente o aumento de conflitos
bélicos e do agravamento da indigência numa terra que forneceu os recursos
naturais que enriqueceram enormemente as nações do norte.
Com essa compreensão se
pode analisar que mesmo o mundo ter alcançado alto grau de desenvolvimento
tecnológico e de produção de riquezas, há de se refletir a respeito da
distribuição dos bens produzidos e do conhecimento adquirido. Se levarmos em
conta a definição de ética humanitária, ao menos na teoria, definida pela ONU
as nações mais desenvolvidas teriam o dever de se comprometer com a promoção do
desenvolvimento desses territórios, para erradicação da fome, mas mantendo
autonomia humana, política e técnica ao crescimento econômico e social dessas
nações. O primeiro-ministro da Somália representa neste noticiário as vozes de
muitas lideranças que denunciam essas atrocidades humanas que não podem ficar
no obscuro desconhecimento mundial.
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