sexta-feira, 28 de abril de 2017

ESCOLA SEM PARTIDO: CAMINHO RETO OU DESVIRTUAMENTO PARA A EDUCAÇÃO?

Quando se pesquisa a opinião pública sobre qual área de política pública que necessita de mais investimentos, a educação aparece como umas das mais prioritárias. Quando se fala em educação, geralmente na consciência popular, ela é vista como ações pautadas na formação moral e intelectual das crianças e dos adolescentes, e que a instituição escolar é o espaço fundamental para o exercício formativo. Por outro lado, se tornou comum muitos indivíduos chamar atenção para o papel familiar para a formação de base para as pessoas humanas.

Atualmente, no Brasil um grupo de parlamentares e alguns membros da sociedade civil se mobilizaram para propor um projeto de lei para aplicar na educação brasileira conhecida como Escola sem Partido. Alguns dos argumentos defendidos por este grupo é o dever do Estado proporcionar o ensino nas escolas de forma neutra em relação às questões políticas, ideológicas e religiosas, ricas em pluralidade de ideias sem promover discursos doutrinários. Desta forma, os professores estarão vetados de incitar os alunos a aderir um partido político específico e de aliciá-los para participar de manifestações, reconhecendo-os como a parte cativa na relação de ensino-aprendizagem e, que atitudes educacionais consideradas doutrinações reduzirão a propagação de ensino neutro e plural e proporcionarão a manipulação da mente dos estudantes. Argumenta-se também que no caso de ensino religioso os pais possuirão o direito de interferir na definição de aceitar ou rejeitar a instrução de seus filhos em determinado credo religioso, com o intuito de evitar a transmissão de crenças contrárias às convicções de fé familiar aos filhos e de salvaguar a liberdade de crença. Temas relacionados à orientação sexual, essa corrente de pensamento defende que esse assunto seja trabalhado e esclarecido no ambiente familiar e não na escola, respeitando a fase de desenvolvimento das crianças e nas crenças familiares. Entretanto, esse projeto de lei recebeu diversas críticas por muitos profissionais da educação e movimentos sociais.

Os grupos contrários a este projeto de lei afirmam que ele veta a possibilidade de aprendizagem ampla por parte dos alunos, que os professores se sentirão pressionados e em constante vigilância, tanto do Estado quanto da família. Dessa forma, os professores ficarão em situação de desconforto e acuados para lecionar alguns assuntos de grande relevância ao processo de desenvolvimento humano aos alunos, por temor de serem interpretados como doutrinadores ou aliciadores de novos membros para uma determinada ideologia ou determinado partido político, se tornando passíveis de sofrer penalidades. Ao contrário do que afirmam os defensores da Escola sem Partido, os movimentos contrários a este projeto entendem que caso esse modelo de educação seja implantado, a propagação de ensino plural se empobrecerá e a liberdade de aprender, ensinar e divulgar o pensamento, a arte e o saber se tornarão negadas aos estudantes. Também, seus críticos afirmam que temas relacionados ao gênero devem ser debatidos em sala de aula, com o intuito de conscientizar os alunos sobre a questão da diversidade de gênero e evitar a disseminação de preconceito e padrão de comportamento cultural homofóbico.

No dia 13 de abril de 2017, conforme noticiado pelo jornal Estado de São Paulo os seguintes relatores da ONU, David Kaye, Boly Barry e Ahmed Shaheed enviaram ao governo brasileiro denúncias à iniciativa política da Escola sem Partido, entendendo que um projeto educacional como este poderá causar restrições à liberdade de expressão dos alunos e, os impedirem de receber informações fundamentais ao processo educativo; que sua implantação abrirá brechas para interferências arbitrárias de autoridades e pais nas escolas. Os relatores entendem que o governo brasileiro poderá descumprir os compromissos assumidos com a liberdade e a educação caso o projeto Escola sem Partido seja implantado.
 Essa notícia foi comemorada por membros de movimentos sociais que combatem esse projeto de lei; por outro lado, parlamentares comprometidos com a implantação da Escola sem Partido, a ela, apresentaram diversas críticas, afirmando que os relatores da ONU se negaram de participar dos debates expositivos que apresentavam a definição e a função desse modelo educacional e, por conta disso demonstram desconhecimento do projeto de lei e despreparo para intervir com essas denúncias.

Com essa postura da relatoria da ONU, e o embate político e ideológico que ocorre em torno deste projeto, será que a Escola sem Partido será implantada? Se implantada esse modelo educacional trará mais ganhos ou prejuízos às crianças e aos adolescentes?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É OU PARECE SER

A vida e suas disputas. Hoje me vi cantando uma canção de Renato Russo que diz que tudo que é demais não é o bastante, que a primeira vez é ...